Dados do Trabalho
Título
CELULITE ORBITARIA GRAVE SECUNDARIA A FOCO ODONTOGENICO: UM RELATO DE CASO.
Objetivo
Este trabalho tem o objetivo de relatar um caso de celulite orbitária grave secundária a foco odontogênico.
Relato do Caso
Paciente de 72 anos, masculino, buscou a urgência do Hospital São Geraldo apresentando dor ocular, hiperemia conjuntival, quemose, baixa de acuidade visual (AV) em olho esquerdo (OE) há seis dias, após procedimento dentário sem antibioticoterapia. Evoluiu com dor, edema na mandíbula esquerda e dificuldade mastigatória. Após três dias, foi reavaliado por equipe odontológica, que iniciou amoxicilina com clavulanato via oral. Ao exame, AV de 20/25 PH no olho direito (OD) e 20/40 no OE, restrição global de motricidade em OE de -1, pupilas e fundoscopia normais. Realizada internação e tomografia de seios da face e órbitas, evidenciando flegmão em mucosa jugal, abscesso dentário no entorno da arcada inferior esquerda e coleção orbitária em OE. Tratado com oxacilina, ceftriaxona e metronidazol endovenosos sob orientação da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar. A Odontologia optou por extrair o elemento dentário 35 e drenar o local, apresentando melhora do quadro. Dez dias subsequentes, recebeu alta hospitalar, com AV 20/25 PH bilateral e demais comemorativos do exame normais.
Conclusão
Dessa forma, as celulites orbitárias após quadros odontogênicos tornam-se menos frequentes se houver o correto diagnóstico e o tratamento, além do cuidado com a saúde bucal. O atraso na terapia pode gerar graves complicações. Portanto, a investigação e o tratamento devem ser precoces e precisos.
Discussão e Conclusões
O paciente iniciou o quadro clínico com odontalgia e evoluiu com sinais e sintomas clássicos da celulite orbitária. Ao exame de imagem, observou acometimento no segundo pré-molar inferior esquerdo e complicação do quadro com edema de partes moles estendendo pela região malar, região periorbitária até a porção inferior intra-orbitária. Apresentou boa evolução clínica e manteve seguimento odontológico de forma ambulatorial. Devido à gravidade do quadro, é fundamental o diagnóstico correto, a fim de estabelecer possíveis complicações e instituir terapêutica apropriada e precoce. A importância de um bom diálogo multidisciplinar merece destaque no quadro, pois a interconsulta com a Odontologia permitiu agir no foco da infecção e a orientação da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar para melhor escolha de antibioticoterapia, reforçando que a prática da Oftalmologia perpassa outras áreas.
Área
Oftalmologia Geral
Instituições
Hospital das Clínicas da UFMG - Hospital São Geraldo - Minas Gerais - Brasil
Autores
Maria Luisa de Oliveira Higino, Hugo Brito de Carvalho, Mariana Pereira Tsukuda, Arthur Bunte de Carvalho Magnani, Victor Oliveira Maciel Rosa, Ana Luiza Silva Pereira