Dados do Trabalho


Título

PENFIGO OCULAR: UM RELATO DE CASO

Objetivo

Esse trabalho tem o objetivo de documentar um caso de pênfigo ocular e enfatizar a importância do diagnóstico e tratamento da doença.

Relato do Caso

Paciente JESF, sexo masculino, 50 anos, comparece ao ambulatório com queixa de baixa acuidade visual, tem diagnóstico de pênfigo ocular há 20 anos. Ao exame, apresentava acuidade visual (AV) de conta dedos a 10 cm em olho direito e movimento de mãos em olho esquerdo. Na biomicroscopia, observou-se simbléfaro, queratinização conjuntival e corneana em ambos os olhos. Foi também observado pontos lacrimais obstruídos e queratinizados. Não foi possível visualizar íris, pupila ou cristalino.
Fundoscopia era inviável, foi solicitado ultrassonografia modo B em ambos os olhos. Paciente está em acompanhamento no departamento de córnea em uso de Liposic®, Epitegel® e Dews®.

Conclusão

O penfigoide da membrana mucosa ocular (MMP) é uma condição crônica progressiva, rara e imunomediada da conjuntiva, caracterizada por bolhas que se desenvolvem no tecido subepitelial devido à ruptura das aderências entre o epitélio conjuntival e o subepitélio. Em pacientes com doenças oculares, a incidência do penfigoide é estimada em 1:12.000 a 1:60.000 dos casos, sem predileção por raça ou distribuição geográfica. Acomete com maior frequência mulheres acima dos 60 anos. O estadiamento da doença ocular é feito conforme o sistema de classificação de Foster: presença de conjuntivite crônica com fibrose subepitelial, (estágio I), encurtamento do fórnice conjuntival (estágio II), simbléfaro (estágio III) e anquilobléfaro (estágio IV). Pacientes com MMP ocular, em muitos casos, desenvolvem cicatrizes conjuntivais profundas e deficiência visual. A MMP ocular pode levar a uma vascularização secundária progressiva da córnea e à opacificação da córnea. O diagnóstico diferencial da conjuntivite ocular cicatricial é complexo e frequentemente multidisciplinar. É uma doença sistêmica de apresentações variadas, o que dificulta seu diagnóstico precoce e aumenta o grau de morbidade gerado pela doença. O oftalmologista muitas vezes é o primeiro médico a ser procurado por esses pacientes, e por isso é essencial que o especialista fique atento aos sinais e sintomas da doença e lembre-se sempre desta patologia como diagnóstico diferencial em casos de conjuntivite crônica ou de simbléfaro sem causas aparentes.

Área

Córnea e Doenças Externas Oculares

Instituições

HOSPITAL DE OLHOS HILTON ROCHA - Minas Gerais - Brasil

Autores

LUIZA ELIAS MORATO, ANA LUIZA SOUZA CAMPOLINA, NAIARA OLIVEIRA ANDRADE, ALEXSSANDRO SOUZA, DANIELA MAURICIO RIBEIRO